Jantámos lá


Numa noite fria de Inverno, ruas  vazias sugeriam que não deveriam existir muitos clientes no restaurante. Puro engano. Ficámos à espera, não muito tempo, mas o suficiente para desfrutar de um copo de vinho, embaladas pelo som de fundo de vários sotaques mas onde se distinguia o português cantado, do outro lado do oceano.
O restaurante fica em Marvão, lá mesmo no cimo, dentro das muralhas. A ideia inicial era escolher um restaurante numa localidade das proximidades, contudo, as (inúmeras) manobras a que fomos obrigadas pelo estacionamento (extremamente) reduzido, conduziu a esta opção. De realçar que, no entanto, dentro das muralhas, a opção é parca. Para além da Varanda do Alentejo, existem apenas o restaurante da Pousada e o do Hotel.
Como a nossa experiência já nos ensinou que nestes espaços hoteleiros a restauração não é uma mais-valia… a nossa escolha foi facilitada! ;o)
O espaço é típico de um restaurante simples de província, sem luxos mas também sem um toque de decoração mais genuinamente alentejana, o que poderia ser uma boa aposta para dar um pequeno toque de charminho rústico e conquistar o coração da clientela, para uma próxima visita. Afinal os olhos também comem!
A entrada para o restaurante faz-se pelo rés-de-chão, o café, mais propriamente dito, onde os clientes aguardam a possibilidade de passar ao primeiro andar para degustar a refeição.
A ementa não é muito longa mas tinha alguns dos pratos mais representativos desta região alentejana, nomeadamente Ensopado de Cabrito, Carne do Porco com Migas ou Sopa de Cação.  
O couvert era constituído por azeitonas verdes e um queijinho alentejano e aqui tivemos uma pequena desilusão. O pão alentejano ficou aqui muito mal representado pois o que nos apresentaram foi pão com uma textura semelhante às carcaças lisboetas.
 Como estava a decorrer a semana gastronómica da caça optámos pelo “Javali com castanhas e feijão verde”.
A carne apresentou-se tenra e saborosa, o feijão também tenro e sem fios, contudo as batatas foram redundantes num prato que já vinha acompanhado por castanhas! (No entanto, lamentavelmente para a nossa dieta, não ficaram no prato!)
Em relação à carta de vinhos a escolha era bastante parca, pois embora tivessem algumas propostas interessantes, como Monte das Servas, acabamos por verificar que não tinham o vinho para servir. Embora tivessem vinho a copo (6/7€) o preço não era competitivo em relação ao valor/ garrafa. A nossa escolha acabou por recair num tinto, Courela de S. Tiago que, afinal, pra além do vinho da casa, era o único disponível da carta!!!! Este vinho revelou algum corpo, contudo não estava à altura da maciez da carne de javali que merecia um acompanhamento mais condigno.
Para sobremesa escolhemos a típica Sericaia, acompanhada pela ameixa de Elvas, que cumpriu o seu papel com a consistência certa.
Por último, uma palavra para o serviço que, num espaço de cariz familiar, se resume a um empregado de mesa, esforçado mas que, apesar da simpatia, não consegue evitar algum tempo de espera entre pratos.
A apreciação global desta experiência revelou-se razoável, contudo julgamos que o preço final de 17€/ pax é um pouco elevado tendo em consideração todas as questões que podem e devem melhorar.